quinta-feira, novembro 08, 2007

Manuel Machado o treinador estrangeiro

Perante as exigências financeiras de Emerson Leão, António Salvador virou agulhas rapidamente e encontrou Manuel Machado. Numa só reunião, ficou tudo acordado

Está preenchido o vazio no comando técnico do Braga. Quando tudo apontava na direcção de Emerson Leão, um dos técnicos mais categorizados do futebol brasileiro, António Salvador mudou de estratégia - investir na contratação de um técnico estrangeiro - e acabou por chegar a acordo com Manuel Machado, que, curiosamente, foi o primeiro nome a ser apontado como provável sucessor de Jorge Costa. Tudo ficou resolvido numa reunião ao fim do dia em pleno Estádio Municipal, já com a presença de Machado, sendo certo que o treinador será hoje (12h30) oficialmente apresentado.

O novo técnico terá como primeiro adjunto José Augusto, que se desvinculou ontem da Académica, onde desempenhava o cargo de olheiro, permanecendo na equipa técnica os adjuntos Virgílio Fernandes e Francisco Vital e o preparador-físico José Pedro. O antigo braço-direito de Jorge Costa, Aloísio Alves, deverá sair muito em breve do clube. Quanto à sua estreia, só irá acontecer após o jogo com o Sporting, beneficiando assim da pausa do Campeonato que se aproxima, devido aos compromissos da Selecção Nacional.

Esta reviravolta ficou a dever-se essencialmente às exigências financeiras de Emerson Leão. Com um vencimento mensal na ordem dos 400 mil reais (135 mil euros), Leão fez saber, do outro lado do Atlântico, que pretendia auferir o mesmo montante ao serviço do Braga, e a resposta que teve foi um rotundo não de António Salvador, que, como é sabido, nunca ultrapassa a fronteira do razoável, quando se discute dinheiro. "Disse-me que era impossível pagar tanto", contou Cádimo Barros, o agente FIFA, que intermediou as negociações entre o treinador e os minhotos. Definidos os limites por Salvador, o agente FIFA ainda conseguiu sensibilizar Emerson Leão para a necessidade de "fazer um sacrifício financeiro", obrigatório para concretizar o sonho de trabalhar no futebol europeu, ao mesmo tempo que propunha ao Braga que o técnico fosse compensado financeiramente mediante o pagamento de prémios, de acordo com o que a equipa conquistasse até ao fim da época. "Essa é uma das alternativas", confirmou, dando conta, ao mesmo tempo, de que Leão estava encantado com a possibilidade de se estrear também na Taça UEFA. "É um grande aliciante", observou. A verdade é que as conversações entre as duas partes foram abrandando ao longo do dia, até.... cessarem totalmente, sintoma do desinteresse total do Braga. E, nesse aspecto, Cádimo Barros funcionou como um verdadeiro barómetro: no começo da tarde, transparecia optimismo; ao fim do dia, já deixava no ar algumas reservas, enquanto tentava, sem sucesso, ligar para o telemóvel de António Salvador.

O silêncio do dirigente era, por essa altura, perfeitamente compreensível. Tão rápido a tomar decisões como a passá-las à prática, António Salvador entrou em contacto com Manuel Machado, foi directo ao assunto, e ao princípio da noite ambos abandonavam as instalações do Estádio Municipal já com um acordo selado no papel, válido até ao fim da presente temporada, com mais uma de opção.

Homem do pau de marmeleiro


Natural de Guimarães e profissional do Vitória durante anos a fio, Manuel Machado, de 52 anos, personifica bem a alma destemida dos minhotos. Sempre com uma resposta firme na ponta da língua, o técnico deixou vários jornalistas atónitos, quando, ao serviço do Moreirense, confessou que gostaria de ter um pau de marmeleiro para acertar num determinado árbitro que havia prejudicado a sua equipa contra o Benfica. Campeão da II Divisão B e da II Liga, sempre pelo Moreirense, Machado conseguiu, em duas épocas consecutivas, apurar o Guimarães e o Nacional para a Taça UEFA, falhando esse objectivo apenas na Académica.

ojogo

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